Dec 12, 2011

Fim de Ano, e seus Problemas de Existência.



Era abril de 2001. 
Era abril de 2001 e eu tinha quase 12 anos. 
Era abril de 2001 e eu tinha quase 12 anos e eu acreditava em Papai Noel. 

Qual o problema?! Eu tinha provas!! Provas concretíssimas! Meu Papai Noel RESPONDIA minhas cartas (que eram extremamente psicodélicas, com várias abas que se abriam para lados diferentes classificadas por cor e tema). Na realidade ele respondeu uma vez só. Aquela vez que eu estava tranquila fazendo meu xixi matinal e minha irmã entrou de gaiato no banheiro gritando algo sobre o Papai Noel ter me deixado bilhetes para uma caça ao tesouro. Mas é claro que eu guardei os bilhetes pra usar como prova em todas aquelas discussões ridículas que eu tinha que ter com meus primos todos os anos. E é claro que eu na verdade não guardei nada, porque enquanto eu procurava meu presente, meus pais deram um jeito de exterminar a prova caligráfica da identidade do Papai Noel. Mas aquelas discussões nunca chegavam no ponto de ter que mostrar as provas mesmo, então fiquei tranquila em continuar usando o argumento.

Mas era abril de 2001 e eu estava no meu quarto sofrendo bullying. Minhas amigas estavam apontando pra mim e rindo dizendo que eu tinha peitos. Permita-me uma pequena pausa aqui.


HAHAHAHHAHAHHAHAHHAHAHAHAHAHAHHAHAHAHHAHAHAHHAHAHA

Mas então. Ter peitos com 11 anos de idade é uma vergonha, como vocês bem devem saber. 99% das meninas corcundas ficaram assim pra tentar esconder aquelas pontinhas ridículas tentando gritar "QUERIDA, CHEGUEI" pro mundo todo. Depois dos meus peitos indefesos terem escutado o suficiente pra nunca mais crescer na vida, por alguma razão eu fui na mesa de trabalho do meu pai buscar alguma coisa. Provavelmente um grampeador pra grampear a boca das bullies que estavam cortando a diversão de todos os futuros namorados e futuros decotes que eu teria um dia. E lá estava eu transtornada procurando o grampeador quando, EM PLENO ABRIL, EU ENCONTRO A MINHA CARTA. MINHA CARTINHA. CHEIA DE ABAS E CORES E CLASSIFICAÇÕES. E embaixo dela, todas as outras últimas cartinhas de Natal. Ali. No escritório do meu pai. Na minha casa. Não exatamente o Pólo Norte.

E como poderia eu, a amiga peituda, voltar pro quarto chorando, se eu tinha passado os últimos anos insistindo que o Velho Noel existia? Não. Eu tive que enfrentar aquilo. Em 13 segundos eu tive que engolir o choro, observar a situação de outro ângulo, superar o trauma, e escrever um bilhete pro meu pai agradecendo por ele ser o melhor Papai Noel de todos do mundo.

E é por isso que eu acredito em Papai Noel ainda. E naquela sensação linda de acordar a noite toda da madrugada do dia 25 dando uma espiadinha no pé da cama pra ver se algum pacote apareceu! E não venha me dizer que Natal é sobre o nascimento do filho da Pomba danadinha. Não. Natal é sobre comida boa, música boa, presentes, e ver seu pai alugando um DVD de "Video-Aula: Dança do Ventre". Natal é Isso. E eu tenho certeza que Jesus concorda. 

Agora, existem certas coisas que não dá pra acreditar. Ano Novo, Amigos Invisíveis, Meias e Abaixo Assinados são algumas delas. E eu não preciso nem de muito esforço pra provar meu ponto. Uma noite com 365 dias de peso de expectativa ser boa? Um cara, que só te presentearia se desse o azar de pegar seu nome numa tigela de papéis, escolher um presente bom? Presentar alguém com MEIAS? (oi vó, que bom que você saiu dessa badtrip). Acreditar que o Paul McCartney vai receber por correio uma listinha com X nomes assinados e isso vai fazer ele vir em Uberlândia beber um shot de rum comigo? Francamente meu povo. E vocês me julgando por acreditar em Papai Noel.

Merry Crisis and a Happy New Fear!.



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Anonymous said...

Eu não acredito em guarda chuvas.