Jan 12, 2012

Eu não choro em Público.



Eu não choro em público. De maneira alguma. Existe um mecanismo dentro do meu cérebro que inibe minhas glândulas lacrimais na presença de pessoas. Exceto quando eu estou bêbada, feliz, triste, com sono, puta ou achando que daria uma bela cena de filme, caso minha vida seja um filme. (não pode decepcionar os telespectadores com uma performance fraca né. Você tem que fazer eles acreditarem no sentimento.) 

Por exemplo. Quando eu terminei pela primeira vez. Mas isso a gente releva, porque caramba, muito drama, muito sentimento, muita coisa envolvida, todo um infelizes para sempre jogado na lama. Só que ai que tá, a vida não pára. E eu tinha que tirar a foto 3x4 pra me matricular na faculdade que eu tinha acabado de ser aprovada. Então veja bem, na realidade pode-se dizer que eu estava chorando por saber como seria trágico os próximos 5 anos de morte lenta e dolorosa em forma de aulas. Então lá estava eu, chorando pelas ruas, e todas as músicas bregas ecoando na minha cabeça, indo tirar uma foto 3x4, chorando. Mas como eu disse, primeiro término, muito drama envolvido.

Segundo Término. A coisa foi diferente, mais reservada. Só chorei durante toda a aula prática de anatomia mesmo. O coitado do professor ficou achando que eu tava me sentindo mal pelos cadáveres abertos e todas as tripas envolvidas. Poxa, eu sou uma pessoa sensível. As pessoas vivas estavam futricando pessoas mortas! Pais de famílias! O amor da vida de alguém! Ou não! O que seria muito pior, porque nunca amou! Nem foi amado! Graças a existência de um bom amigo, alguém me tirou da sala de aula, e usou o momento pra tirar fotos minhas com um chapéu de cowboy e uma cerveja velha, enquanto eu chorava distraidamente. Valeu Will!



Depois teve as belas épocas de chorar no ônibus. Aquela música começa a tocar no mp3, aquela cena de filme (você olha pra janela como se tivesse num viagem num trem pela Europa, mas tá é num ônibus capenga mesmo). Daí seu ex passa pela rua saltitando todo feliz. E você lá, ouvindo a música tema de Ghost. Graças a Deus ninguém interage em ônibus. Graças a Deus eu ganhei um carro.


Hoje em dia eu (não) choro em público em alto nível. Dirigindo em alta velocidade, com uma música alta tocando, na chuva, toda aquela água, todas aquelas lágrimas, todos aqueles ônibus vindo em contra-mão, todos aqueles dinheiros gastos consertando o capô do carro. Muito mais alto nível. Porque eu não choro em público. Eu não.

Jamais.

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