Jan 7, 2012

Sobre Aparelhos Auditivos, Filosofia e Guerras Mundiais.


Em vista dos últimos acontecimentos da minha vida boêmia e algumas fortes opiniões dos amigos sobre os ocorridos, posso afirmar que deficiência auditiva é a nova teoria do caos. Estatisticamente não comprovado, a primeira Guerra Mundial se iniciou por um comentário mal interpretado de John Kovack sobre a mãe de Jenny Stein

Então lá estava eu tentando abrir caminho no meio da multidão pra fazer aquele xixi esperto. Já a multidão estava pouco se lixando pro meu sistema urinário (?), e achou mais interessante ficar pulando loucamente como se não houvesse amanhã, daquela maneira que multidões pulam virando um corpo só. Sagaz, analisei a massa saltitante e detectei seu ponto fraco: um casal. O casal, por sua vez, estava pouco se lixando pra minha bexiga, a multidão e a lei sobre atentado ao pudor. Mas a gente releva essas coisas porque sabemos como o amor, meu amor, esse amor, faz 40 graus de febre, queima pra valer, queima pra valer.

Aí vem o problema: eu não sei pedir licença. Eu acho que pedir licença não funciona direito sabe. Não é como se você fosse chegar na pessoa sem nem saber seu nome e sobrenome e já vai pedindo licença assim. Tem que ter um mínimo de intimidade pra pedir que alguém abra mão do seu espaço pessoal pra um desconhecido qualquer. Licença não tem esse poder todo. Então eu tento conhecer um pouco da pessoa antes de mandar ela sumir da minha frente. Sempre, é claro, cutucando a fêmea, pra não gerar nenhuma instabilidade no relacionamento alheio.


_ 'Oi! Eu sei que vocês se amam muito, mas vocês poderiam se amar mais juntinhos, pra eu passar por aqui e ir ao banheiro?'
_'Oi?', disse a moça sem fôlego, saindo de um beijo mexicano.
_ 'Então, você tem duas opções, você pode se afastar dele e ai eu passo no meio, ou então você pode encoxar ele e ai vocês poderão se amar muito mais enquanto eu passo por trás. Que particularmente eu acho que seria muito mais agradável para todos nós!'
_ 'Ah sim, tudo bem!'


Meus amigos dizem que eu deveria me ater a um simples 'com licença' ao invés de ficar filosofando com completos desconhecidos embaixo de uma caixa de som sobre a metafísica da atmosfera e a impossibilidade de dois corpos ocuparem o mesmo espaço, mesmo quando se amam, e como isso afeta a expansão constante da minha bexiga. Mas sabe, parece errado. E então consegui abrir o espaço desejado e segui minha jornada até a próxima batalha na guerra que é chegar até o banheiro. Mal sabia o que isso iria virar no fim da noite. Poupando o querido leitor do suspense, pulo logo para o fim da noite. 

Cutuquei um cara no balcão e pedi que ele se movesse 50 centímetros para o lado esquerdo para que eu pudesse ficar ao lado do meu amigo. Gentilmente o cara disse que poderia oferecer 60 centímetros, mas que eu deveria tomar mais cuidado com as coisas que eu falo antes de sair destruindo o casamento dos outros. 



'Que?'


'Ah você não se lembra? Tudo bem, não ficarei chateado, mas que sirva de lição pra que você pense melhor nas coisas que você fala pras pessoas.', completou o ofendido.
'Mas. hein? Aonde Que? Quando? Han?'
'Hoje mais cedo você disse pra minha esposa que ela deveria ser mais discreta, e não permitir que eu ficasse com a mão na bunda dela em público.', explicou o ofendido.
'Cara, olha, eu posso ser meio maluca, mas eu tenho certeza que não falei da bunda de ninguém pra ninguém hoje. Certeza. Você deve estar me confundindo.'
'Não, era você mesmo. Mas tudo bem. Só tome cuidado. Agora você pode ter destruído um casamento.'
'Mas, que? Como assim? Sua esposa está brava? Cade ela, deixa eu conversar com ela...'


E assim prosseguiu o diálogo sem sentido, até que uma moça me cutuca e diz: 'Eu sou a esposa dele, e eu sei que você ama ele, mas ndbr fhwklfr haa'


'HEIN?!'


Sabe. Esses são os momentos que faz a vida fazer sentido. Só que não.  O negócio é que veja bem: Não fazia sentido algum.  E então a mulher me puxou para conversar comigo no banheiro, longe do marido, e meus amigos me seguiram achando que ela queria me espancar com privacidade. Longe da loucura e da caixa de som ela conseguiu me explicar que o marido era louco, e tinha entendido tudo errado, que eu tinha conversado com ela quando pedi licença para ir ao banheiro dizendo que sabia que os dois se amavam e toda aquela coisa, e que estava tudo bem. O marido por sua vez, foi reclamar com o segurança sobre o fato de dois caras terem seguido a esposa dele até o banheiro feminino para atacá-la com suas ferramentas do amor. E ai vocês sabem como esse tipo de confusão termina. Ou não. Quem sabe um dia eu aprendo a não divagar com completos desconhecidos. Talvez eu estivesse mais em segurança quando eu era só uma autista no mundo. Malefícios da socialização a base de Rum.


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