E no silêncio de um turbilhão de pensamentos sem respostas, você pode sentir o começo de um fim chegando. Como em um filme quando a trilha sonora vai ficando mais calma e os diálogos menos agitados. Uma falsa sensação de calmaria depois da tempestade que deixa tudo ainda mais intenso. Não tem mais o que contar sobre a história. Nada mais de novo pode acontecer. E por quê?
Algumas vezes chegou com um boato bizarro de uma escola inteira falindo. Outras vezes chegou em um simples jantar num dia atípico. E um abraço mais longo do que o habitual já denuncia que alguma coisa vai mudar. Podem ser anos de histórias, podem ser algumas semanas com um animal de estimação que te deixou marcado pro resto da vida. As vezes bate como um alívio de um fim de semana chegando. Outras como a liberdade de uma conquista tão esperada. As vezes você se desespera atropelando tudo e se vê perguntando pra sua mãe no meio da madrugada se ela quer que você vá embora de casa. Mas algumas vezes, bate como uma aflição enorme. Tudo pára, seu cérebro e todas aquelas vozes se calam, um fim que você temia chegou e você ainda não sabe muito bem como vai lidar com ele. Mas todo filme tem seu fim. Cabe a você apenas concluir se este filme vai ser um troféu em uma prateleira, ou uma lembrança enterrada no fundo do seu armário.
Fins acontecem desde a primeira coisa que aconteceu na sua vida. E a cada ano a gente tenta lutar mais contra eles. Achava que era o contrário. Que a gente ia ficando mais frios e desencanados. Mas não. É só aquela falsa calmaria que fica cada vez mais forte. Com 5 anos de idade você perdia um amigo porque ele iria mudar de rua. Com 10 anos você perdia toda uma turma de amigos porque tinha que se mudar de escola. Desespero que parecia depressão. Tudo mudava. Mas passava. E o fim chega assim, de um jeito ou de outro. Quando a gente vê é um adulto lutando com todas as forças, conexões de internet e passagens aéreas pra não deixar uma outra história morrer por distância ou desleixo. Mas não tem muito jeito. Se você sentiu o começo de um fim chegando, ele vai chegar não importa o que você faça. E já saber disso não me acalma nem um pouco. As músicas mais calmas, os diálogos menos intensos, os silêncios e abraços mais longos, nada disso me tranquiliza. Bate invisível sem oportunidade pra um contra-argumento. E fim.
Até em gibis da Turma da Mônica, Finais nunca fizeram muito sentido.
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